Luís Vilar, vereador socialista na Câmara de Coimbra, anunciou hoje a sua renúncia ao mandato na autarquia, quando está previsto para Maio o início do julgamento em que é indiciado pela prática de cinco crimes.
«Há um ano afirmei que não voltaria a ser vereador. Depois, por motivos internos ao PS, foi necessário manter-me. Este é o momento para sair», disse hoje Luís Vilar à agência Lusa, adiantando que a o ínicio do julgamento constitui apenas «a terceira ou quarta razão» para a renúncia.
Numa declaração enviada sexta-feira à Câmara de Coimbra, e remetida para a agência Lusa cerca das 00:00 de hoje, o autarca anuncia a renúncia, explicando que, por «motivos profissionais» não pode estar presente na próxima reunião do executivo, a 14 de Abril, para ler a referida comunicação.
O antigo líder da concelhia do PS, autarca na Câmara de Coimbra durante 11 anos, começa a ser julgado dia 22 de Maio pela alegada prática de cinco crimes, um deles em que é indiciado por corrupção Domingos Névoa, dono da Bragaparques.
Intitulado «Renúncia do mandato de vereador», o documento enviado às redacções faz um balanço da actividade de Vilar na Câmara de Coimbra, tece críticas à coligação maioritária (PSD/PP/PPM) e refere a decisão apenas no último parágrafo, não avançando uma explicação directa para a mesma.
«Falta ainda dizer que, nos termos da legislação em vigor, apresento a renúncia ao mandato para que fui eleito em Outubro de 2005, solicitando ao Sr. Presidente que este meu último acto enquanto vereador eleito fique anexo à acta», escreve Luís Vilar.
Victor Baptista, líder da distrital do PS e da vereação socialista na Câmara de Coimbra, ouvido pela Lusa ao início da tarde, quando Luís Vilar não se encontrava ainda contactável, revelou que aquele autarca lhe disse que, tendo em conta o inicio do julgamento, «não queria estar envolvido em nenhuma actividade política».
Teve uma conversa comigo em que me disse que ia começar o julgamento e não queria estar envolvido em nenhuma actividade política», referiu o deputado Victor Baptista.
Ao enaltecer esta atitude de Luís Vilar, o presidente da Federação Distrital do PS de Coimbra considerou que «será marcante para o futuro».
«Registo a atitude nobre que Luís Vilar assume, na medida em que dado que vai começar o julgamento e não tendo possibilidade de suspender o mandato, renuncia para que não haja nenhuma confusão entre o julgamento e a sua actividade política na Câmara», salientou Victor Baptista.
«Não quero minimamente que seja confundível a questão do julgamento com o exercer da vereação», confirmou, por seu turno, Luís Vilar, ao ser confrontado com a explicação do seu camarada Victor Baptista, mas ressalvando que essa é apenas a «terceira ou quarta razão» que motivou a renúncia do mandato.
Luís Vilar explicou que «este era o momento» para abandonar a vereação, mas garantiu que não tenciona retirar-se da política. Prometeu também que, após o ciclo eleitoral que se avizinha, divulgará outras razões, «mais de fundo», para a renúncia que agora concretizou.
«Só então quebrarei o silêncio», frisou.
Luís Vilar já tinha suspendido o mandato quando foi constituído arguido
c/Lusa
1 comentário:
querem ver que o sr. ganhou vergonha na cara?
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